Balão Intragástrico
O Balão Intragástrico vem sendo utilizado desde a década de 80, sofrendo diversas modificações e adaptações nos últimos trinta anos, tornando-se, a partir do século XXI, uma das principais alternativas pouco invasivas para o tratamento da obesidade, competindo diretamente com as medidas mais clássicas, como a cirurgia bariátrica.
Este dispositivo consiste em uma estrutura em forma de balão que é inserida por meio de endoscopia digestiva alta no interior do estômago, onde é preenchido, geralmente, com um líquido contendo um corante, permitindo que qualquer vazamento seja rapidamente identificado, até que ocupe cerca de 70% da capacidade gástrica. O seu princípio de funcionamento é relativamente simples: por ocupar grande parte do volume estomacal, aumenta a sensação de saciedade e reduz a ingestão de alimentos, especialmente de alimentos fortes e pesados, induzindo, ao longo do tempo, uma redução gradual e progressiva do peso. Sua retirada é, atualmente, realizada em até 12 meses após sua colocação, variando de acordo com o tipo e a marca do balão, também através de procedimento endoscópico. Alguns dos dispositivos mais modernos disponíveis no mercado são ajustáveis, ou seja, podem ter seu conteúdo alterado (para mais ou para menos), ao longo do tratamento, a fim de facilitar a adaptação do paciente ao balão e de corrigir os objetivos do tratamento. Estes ajustes são realizados através de procedimentos rápidos e extremamente seguros.
Atualmente, pode-se indicar a colocação do balão intragástrico em indivíduos que tenham IMC (índice que relaciona peso e altura) de 27 kg/mˆ2 ou mais, podendo ser utilizado mais precocemente que procedimentos mais invasivos, como a cirurgia bariátrica. Além disso, o balão intragástrico também é utilizado em indivíduos com IMC muito alto, de 50 ou mais, a fim de reduzir o peso o suficiente para que se realize uma cirurgia bariátrica.
A perda ponderal com utilização de balão intragástrico pode chegar a 30kg durante o tratamento, e os efeitos adversos da colocação deste dispositivo incluem náuseas, vômitos, dor abdominal, eructação, constipação e refluxo, geralmente sendo controlados através de medicamentos, e costumam desaparecer após as primeiras semanas. Caso haja persistência dos sintomas ou o paciente não se adapte ao balão mesmo após a redução dos efeitos adversos, o paciente pode solicitar a retirada precoce do balão.
Por fim, é muito importante ressaltar que o balão, por si só, não reduz o peso: a função dele é facilitar a adoção de dietas mais saudáveis, evitando que o paciente sofra tanto com as restrições alimentares que devem ser adotadas para que se controle o peso de forma saudável e o mais naturalmente possível. Sendo assim, mesmo com a colocação do balão intragástrico, o ideal é que sempre haja a atuação conjunta de uma equipe multiprofissional, composta por nutricionista, médico, educador físico e psicólogo e que o paciente esteja preparado para se submeter a uma mudança - para melhor - no seu estilo de vida.