Clínica Integrada do Aparelho Digestivo Endoscopia e Fisioterapia

Constipação Intestinal

O que é constipação intestinal?

A constipação intestinal é uma das queixas mais comuns nos consultórios de gastroenterologia e se caracteriza como uma frequência de evacuação de três ou menos vezes por semana ou como evacuação com dificuldade, esforço ou dor, acompanhada de fezes endurecidas ou de sensação de evacuação incompleta. Em condições fisiológicas, ou seja, em condições "saudáveis", o material da digestão e da absorção dos alimentos entra no intestino grosso como uma massa líquida. Ao longo do trajeto deste material fecal, que é descolocado por meio das contrações rítmicas da musculatura intestinal (denominadas movimentos peristáltico), através do tubo digestivo, a água é progressivamente absorvida, restando, ao final do trajeto, um bolo fecal de forma cilindróide e de consistência relativamente firme. No entanto, devido a alterações dos movimentos peristálticos citados acima, o material fecal pode permanecer por períodos prolongados no intestino grosso, o que permite a absorção de ainda mais água, tornando o bolo fecal menor, mais rígido e dificultando a sua eliminação durante as evacuações. Muitas vezes, as causas de constipação intestinal estão intimamente relacionadas a hábitos inadequados, incluindo adoção de dietas pobre em fibras e líquidos, e a outros fatores externos, como o estresse.

Causas da constipação intestinal

  • Insuficiência de fibras na dieta (a influência na digestão é explicada resumidamente nesta página [inserir link para Síndrome do Intestino Irritável]);
  • Pouca ingestão de líquidos;
  • Sedentarismo: exercícios físicos estimulam os movimentos intestinais, facilitando a digestão e o processo de evacuação;
  • Períodos prolongados de contenção da evacuação: muitas vezes, a rotina diária torna impossível que um indivíduo consiga reservar tempo para ir ao banheiro, forçando-o a conter a evacuação e facilitando a retenção de água das fezes;
  • Mudanças de vida ou de rotina: entre estas mudanças, encontram-se viagens e gravidez, que podem alterar o hábito intestinal e facilitar a constipação;
  • Uso de medicamentos: diversos medicamentos, inclusive os laxantes (quando utilizados por períodos prolongados), podem provocar, como efeito adverso, a imobilidade intestinal, dificultando a evacuação.

Quando procurar um médico?

Como regra geral, um médico deve ser procurado sempre que os sintomas foram intensos o suficiente para prejudicar a qualidade de vida e as atividades diárias do indivíduo. No entanto, existem alguns sinais de alerta que devem ser observados e que, quando presentes, indicam a necessidade de busca por auxílio o mais rápido possível. São eles:

  • Constipação de início súbito, especialmente em faixas etárias mais avançadas;
  • Constipação prolongada ou intensa apesar de correção de dieta, de exercícios físicos e/ou de adequada adesão aos tratamentos indicados;
  • Surgimento de sangue nas fezes ou de dor abdominal intensa.

Em geral, uma anamnese (coleta de informações que o médico realiza com seu paciente) bem feita e um bom exame físico são suficientes para o diagnóstico da constipação intestinal e para a definição do tratamento mais adequado. Ainda assim, pode ser necessária, em casos selecionados, a realização de exames laboratoriais, de colonoscopia e/ou de exames de imagem (como raio-x) a fim de se esclarecer a causa da constipação.

Prevenção da constipação intestinal

As principais medidas a serem tomadas para a prevenção da constipação estão relacionados ao estilo de vida e aos hábitos alimentares.

Abaixo, seguem algumas recomendações que podem evitar o desenvolvimento deste distúrbio:

  • Horários regulares para as refeições;
  • Refeições variadas, ricas em frutas e verduras, a fim de que contenham quantidades adequadas de fibras (idealmente, em torno de 30g por dia);
  • Aumento da ingestão de líquidos, recomendando-se um mínimo de 6-8 copos por dia;
  • Estabelecimento de um "horário do banheiro” (toilet training);
  • Responder, sempre que possível, a vontade de evacuar: a negação do reflexo evacuatório tende a reduzir a sensibilidade à presença de fezes;
  • Exercícios físicos regulares;

Tratamento da constipação intestinal

De forma geral, o tratamento da constipação inicia com medidas comportamentais e com a alteração da dieta, podendo, em casos refratários, ser complementado por alguns medicamentos.

Entre os fármacos utilizados, os mais comuns e eficazes são as fibras e os laxantes osmóticos. É importante ressaltar que os laxantes só devem ser utilizados segundo orientação médica, pois o uso inadequado destes medicamentos pode prejudicar consideravelmente o funcionamento do intestino no futuro.

AS FONTES DE FIBRAS EM SUA ALIMENTAÇÃO

ALIMENTO Porção Fibras
solúveis
Fibras
isolúveis
Total
de fibras
Feijões
  Verde (enlatado) ½ xícara 0,5g 0,8g 1,3g
  Rim ½ xícara 2,9g 2,9g  
  Lima ½ xícara 2,4g 3,6g 6,1g
  Preto ½ xícara 1,9g 5,5g 7,4g
  Branco ½ xícara 1,4g 4,1g 5,5g
Legumes (cozidos, salvo se necessária outra maneira de servir)
Alcachofra 1 globo 4,7g 1,8g 6,5g
Aspargo ½ xícara 0,7g 1,1g 1,8g
Brócolis ½ xícara 1,4g 1,4g 2,8g
Repolho verde ½ xícara 1,2g 1,0g 2,1g
Repolho verde (cru) ½ xícara 0,3g 0,5g 0,8g
Cenouras ½ xícara 1,1g 1,5g 2,6g
Couve-flor ½ xícara 0,6g 1,4g 2,0g
Couve-flor (crua) ½ xícara 0,5g 0,8g 1,3g
Aipo (cru) ½ xícara 0,4g 0,7g 1,0g
Milho ½ xícara 0,3g 1,7g 2,0g
Pepino (cru) ½ xícara 0,1g 0,4g 0,4g
Berinjela ½ xícara 0,3g 0,9g 1,2g
Ervilhas verdes ½ xícara 1,3g 3,1g 4,4g
Alface (crua) ½ xícara 0,1g 0,3g 0,4g
Cebola (crua) ½ xícara 0,9g 0,6g 1,4g
Batata Doce ½ xícara 1,4g 2,4g 3,8g
Batata (Assada com pele) ½ xícara 0,6g 0,9g 1,5g
Espinafre ½ xícara 0,5g 2,2g 2,7g
Tomate (cru) ½ xícara 0,1g 0,9g 1,0g
Zucchini ½ xícara 0,5g 0,7g 1,3g
Frutas (cruas, salvo se necessária outra maneira de servir)
Maçã (com casca) 1 média 1,0g 2,8g 3,7g
Abricôt 1 xícara 2,0g 1,7g 3,7g
Banana 1 média 0,7g 2,1g 2,7g
Amoras pretas 1 xícara 1,4g 5,8g 7,2g
Amoras 1 xícara 1,4g 5,8g 7,2g
Contalupo 1 xícara 0,3g 1,0g 1,3g
Toranja 1 média 2,3g 0,5g 2,8g
Uvas 1 xícara 0,6g 1,0g 1,6g
Laranja 1 média 1,8g 1,3g 3,1g
Pêra (com casca) 1 média 2,2g 1,8g 4,0g
Abacaxi 1 xícara 0,2g 1,7g 1,9g
Ameixas 1 média 0,5g 0,5g 1,0g
Ameixas secas 1 xícara 3,1g 2,7g 5,7g
Framboesas 1 xícara 0,9g 7,5g 8,4g
Morangos 1 xícara 3,4g 0,9g 3,4g
Melancia 1 fatia (1/16) 0,3g 0,5g 0,8g
Produtos de grãos e outros
Pão  
  Francês 1 fatia 0,5g 0,3g 0,8g
  Centeio 1 fatia 0,8g 0,8g 1,6g
  Branco 1 fatia 0,3g 0,3g 0,6g
  Trigo integral 1 fatia 0,3g 1,6g 2,0g
Cereal  
 Farelo de trigo 200g 0,1g 1,0g 1,0g
  Flocos de milho (não torrado) 200g 0,1g 1,0g 1,0g
  Farelo de aveia (peso torrado) 200g 2,0g 2,3g 4,3g
  Arroz integral (cozido) ½ xícara 0,1g 1,6g 1,8g
  Arroz branco (cozido) ½ xícara 0,1g 0,2g 0,3g
  Espaguete 500g 1,3g 0,8g 2,1g
  Amêndoas (torradas) ½ xícara 0,6g 5,6g 6,4g
  Amendoins (torrados) ½ xícara 1,3g 4,9g 6,1g

* Alguma variação entre a soma da fibra solúvel e insolúvel deve-se ao arredondamento estatístico dos resultados obtidos. Os cálculos nutricionais foram estabelecidos a partir do software 2.91 do Minesota Nutrition Data System (MNDS) desenvolvido pelo Conselho Nutricional da Universidade de Minesota, Mineápolis, MN (EUA)